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Após uma visita feita pelos deputados da UNITA eleitos pelo círculo provincial, às instituições escolares do Município de Cabinda. Procederam á divulgação de imagens de crianças em ambiente escolar, sem o consentimento prévio dos respetivos encarregados de educação.

O Governo Provincial de Cabinda vem a público manifestar o seu repúdio: Esta atitude configura uma violação dos direitos das crianças consagrados na constituição da República de Angola e em diversos instrumentos internacionais de proteção aos menores, sendo eticamente reprovável e politicamente oportunista, ao instrumentalizarem situações sensíveis com fins de exposição partidária.

O Governo Provincial de Cabinda Acrescentou que as escolas em questão foram, em momentos diferentes, reabilitadas, apetrechadas e entregues às comunidades locais com os meios necessários ao seu funcionamento. Infelizmente, estas instituições têm sido alvo de repetidos atos de vandalismo, como o furto de carteiras, destruição de portas, janelas, quadros, instalações elétricas e sanitárias comprometendo o ambiente de aprendizagem e o usufruto pleno dos espaços por parte das nossas crianças.

A Província de Cabinda, nos últimos anos, tem assistido à entrada em funcionamento de diversas escolas que estão a proporcionar melhores condições de ensino e aprendizagem aos nossos alunos, e é nesta senda que as políticas educacionais continuarão a ser implementadas. Acrescentou o Diretor Inocêncio P.Ntango.

Coordenador dos Deputados do Círculo de Cabinda responde o Governo Provincial de Cabinda.

Li atentamente a nota de repúdio que assinou, em nome do Gabinete de Comunicação e Imagem do Governo Provincial de Cabinda, dirigida à conduta dos deputados da UNITA eleitos pelo círculo provincial, relativamente à divulgação de imagens de crianças em ambiente escolar durante uma visita recente a instituições de ensino no município de Cabinda. Sinto-me no dever de esclarecer o seguinte:

Compreendo as batalhas que travou para alcançar o cargo que hoje ocupa. Sei que precisa continuar a agradar a chefe para manter a confiança e garantir o pão em casa. Mas, enquanto cidadão de Cabinda, peço-lhe que não permita que o cargo lhe suba à cabeça.

Primeiramente, importa esclarecer que a referida visita não foi realizada em nome do Grupo Parlamentar da UNITA, mas sim pelos deputados eleitos pelo círculo provincial de Cabinda, e a

comitiva incluía, inclusive, uma deputada do seu partido, o MPLA. Ao afirmar que os deputados da UNITA divulgaram imagens de crianças sem o consentimento dos pais, o senhor deveria, antes

de tudo, repudiar a própria Assembleia Nacional, que também divulgou institucionalmente as mesmas imagens no seu site oficial. Pelo que saiba, não houve nenhuma autorização prévia dos pais.

Uma pergunta simples: será que o seu partido, que há quase 50 anos retira crianças das salas de aula para encher comícios, deixando-as com fome e sede expostas ao sol e divulgadas na vossa TPA para fabricar uma suposta imagem de aceitação popular, o faz com o consentimento dos pais? Senhor diretor, poupe-nos da hipocrisia institucional.

Sobre a vandalização das escolas, será Cabinda o único lugar do mundo onde há delinquência juvenil? Onde anda a Polícia Nacional, que aparece sempre bem equipada para reprimir manifestações pacíficas, mas não consegue proteger o patrimônio público nem garantir um ambiente escolar seguro para as nossas crianças? Senhor diretor, não defenda o indefensável. Esses cargos são passageiros.

Amanhã poderá regressar à TPA para apresentar o seu programa de Ibinda, que melhor sabe fazer; estará novamente ao lado daqueles que diariamente enfrentam a dura realidade deste país. Não se esqueça de que a dignidade de um povo começa com o respeito pelas suas crianças.

Em Cabinda, temos uma floresta vasta cuja exploração gera receitas milionárias. O Governo Provincial poderia e deveria exigir que as empresas madeireiras, no âmbito da sua responsabilidade

social, contribuam com carteiras e outras infraestruturas para as escolas locais.

Nenhuma criança no mundo aprende em condições sentada no chão. A imagem que tanto o incomodou devia, na verdade, incomodar a sua consciência se ainda a tiver. Porque o verdadeiro

escândalo não é a divulgação da imagem, mas sim a realidade vergonhosa que ela expõe.

A educação em Cabinda não pode continuar a ser tratada com desprezo e desleixo. Defender esse estado de coisas é ser cúmplice de um crime contra o futuro do nosso povo.

Fique, pois, com o seu cargo e a sua indignação seletiva. Nós ficamos com a verdade e com a responsabilidade moral de lutar por uma Cabinda mais justa para os nossos filhos.