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Dois jornalistas da RTP foram expulsos do Palácio Presidencial, em Luanda, esta semana. A presidência angolana acusa a RTP de “vitimização” e de gerar “notícias tendenciosas”, já os sindicatos angolanos e português chamam a atenção para a importância da liberdade de imprensa no país.

Ter acontecido isto com um meio de comunicação social português, apesar de ser um acto mau, um acto lesivo dos direitos de informação de um modo geral, também acaba por ter alguma vantagem já que dá visibilidade a algo que vem acontecendo de forma recorrente com os jornalistas angolanos. E eu acho que o próprio Governo, o próprio Executivo, vai ter alguma preocupação ou poderá ter alguma preocupação, porqueo Governo português já reagiu, porque a mídia portuguesa reagiu, a mídia francesa reagiu, a mídia internacional está a chamar a atenção para este episódio e está a perceber-se que, apesar de Angola ter subido quatro lugares no ranking dos Reporteres sem Fronteiras, continuamos a ter um país com dificuldades ou em dificuldades no quesito liberdade de imprensa“, explicou Luísa Rogério.

O Presidente da República governa para todos, não é? A Presidência da República deveria dar acesso a todos os jornalistas, pelo menos àqueles que estão devidamente credenciados com a sua carteira profissional e aos órgãos que são reconhecidos. Mas a prática tem exactamente contrariado esse critério, que devia ser um critério razoável. Nós achamos que está na altura da Presidência da República se posicionar ou posicionar-se diante dos fatos e compreender que não é pelo facto de negar acesso a vários jornalistas ao Palácio Presidencial que vai conseguir impedir que a realidade dos factos seja pública. Muito pelo contrário. Quando o jornalista não tem acesso directo às fontes, vai acontecer o quê? Pode caminhar no ramo da presunção, pode presumir e pode, inclusive empolar factos ou ir na esteira dos “ouvi dizer”. O executivo angolano subscreve e, por outro lado, também está a contribuir para a perpetuação dos boatos, do “ouvi dizer” e daquilo a que chama fake news“, concluiu Luísa Rogério.

VC/Rogério Mbumba | fonte: RFI