
- By Equipe de Marketing
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- abril 16, 2025
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Numa conferência de imprensa realizada na terça-feira, 15 de Abril, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, em Luanda, supostas altas chefias militar da FLEC, declararam o abandono da causa e buscam pela paz, numa altura que uma nota foi divulgada pela organização que luta pela a independência de Cabinda, declarando um cessar-fogo durante 2 meses para uma possível negociação com o governo angolano.
Diante desta situação, o deputado Lourenço Lumingo, não deixou o seu descontentamento ao se deparar com a notícia divulgada pela televisão pública (TPA) e escreve: “As controvérsias do MPLA: a falta de vergonha”.
Leia o texto do deputado:
Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre a Frente de Libertação do Estado de Cabinda, Forças Armadas de Cabinda – FLEC FAC. Os ataques perpetrados por este grupo, que reivindica a independência do Estado de Cabinda, são visíveis e notórios. Contudo, o Governo angolano, liderado pelo cidadão João Lourenço, Presidente da República de Angola e do MPLA, insiste em negar a realidade, chegando ao cúmulo de afirmar que a FLEC já não existe.
Esta negação absurda surge justamente num momento delicado em que a UNITA submeteu à Assembleia Nacional uma proposta de resolução para um cessar-fogo imediato em Cabinda por outro, a própria FLEC anunciou, de forma pública e inédita, um cessar-fogo de dois meses, num gesto claro de boa fé, esperando pelo desfecho do debate na assembleia nacional.
No entanto, em vez de aproveitar essa oportunidade para iniciar um processo de diálogo sério, maduro e responsável, o governo optou por mais um espetáculo vergonhoso, apresentou, nas suas TPA’s 1, 2 e 3 alguns supostos “dissidentes” da FLEC, que alegam ter abandonado a luta por maus-tratos. Ora, quem realmente sofre de maus-tratos, estava a passar por miséria profunda, não pode surgir de fato e gravata, bem alimentado e ensaiado.
Diante desta encenação, a pergunta impõe-se. Se o governo defende com tanta convicção que a FLEC já não existe, de onde surgem então estes “dissidentes ”? Essa encenação não revela apenas desespero político, mas uma estratégia deliberada de manipulação. O governo está, sem dúvida, a tentar camuflar a realidade do conflito em Cabinda, iludindo os angolanos e a comunidade internacional com encenações e desinformação.
Mais grave ainda é a resistência contínua e teimosa ao diálogo. O que impede o governo do MPLA de sentar à mesa com representantes da FLEC? Medo de reconhecer erros históricos? Arrogância do poder? Ou simplesmente desprezo pela vida e sofrimento do povo cabindense? A recusa em dialogar é uma opção consciente pela violência, pela instabilidade e pelo prolongamento do conflito.
A postura do Executivo é não só irresponsável, mas também criminosa. Ao ignorar os apelos por diálogo, o governo legitima a continuação do conflito, a morte de inocentes e o sofrimento de milhares de famílias. Alimenta-se o ciclo de exclusão, repressão e marginalização, ignorando completamente as causas profundas do problema de Cabinda, a falta de justiça, de desenvolvimento sustentável e de inclusão política real.
A paz não se impõe e nem se decreta em conferências de imprensa. A paz constrói-se com humildade, escuta ativa e vontade política. O futuro de Cabinda não pode ser definido por quem se recusa a reconhecer o passado e ignora o presente. Fingir que a FLEC já não existe é fingir que o povo de Cabinda não sofre. E isso é, no mínimo, uma desumanidade.
Se o governo continuar a encobrir a realidade e a recusar o diálogo, estará a empurrar Cabinda para um abismo ainda maior. Um conflito que poderia ser resolvido politicamente, com maturidade e respeito mútuo, poderá transformar-se numa ferida irreparável para a história de Angola.
Outrossim, no dia 13 de Abril do corrente ano, a FLEC FAC alertou a comunidade internacional para esta tentativa do governo de João Lourenço manipular a opinião pública e de criar uma falsa imagem de desmobilização voluntária e integração das forças Cabindesas, enquanto continua a recusar qualquer diálogo sério e inclusivo sobre o conflito em Cabinda.

VC/Rogério Mbumba