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Depois de ter passado 47 anos no corredor da morte, Iwao Hakamada, de 89 anos, foi declarado inocente no ano passado pela justiça japonesa e vai agora receber 76 euros por cada dia que esteve detido — o que corresponde a uma indemnização de quase 1,3 milhões de euros.

Iwao Hakamada, antigo pugilista, foi condenado à morte em 1968 pelo assassinato de uma família e permaneceu na prisão até 2014 — nesse ano a decisão judicial foi revertida devido às dúvidas que a Justiça tinha sobre a veracidade das provas, o que levou à realização de um novo julgamento (algo incomum no Japão, onde 99% dos processos resultam em condenações).

No novo julgamento, anunciado em setembro de 2024 no Tribunal de Shizuoka, em Tóquio, o juiz reconheceu que a polícia adulterou as provas que sustentavam a acusação. De acordo com a CNN, um teste de ADN comprovou que as roupas cheias de sangue usadas para condená-lo foram colocadas no local muito depois de ter ocorrido o crime.

Japão. O preso que mais tempo esteve no corredor da morte foi absolvido, quase 60 anos depois da sentença

O preso que mais tempo esteve no corredor da morte foi condenado por quatro homicídios — do proprietário da fábrica onde trabalhava, da mulher e dos dois filhos — e pelo posterior incêndio da casa, em junho de 1966. Inicialmente, Hakamada confessou as acusações de que era alvo, mas depois mudou o seu depoimento, alegando que a polícia o forçou a confessar o crime por meio de agressões e ameaças.

De acordo com o The Guardian, os advogados de Iwao Hakamada argumentaram que os 47 anos que o pugilista passou à espera da execução afetaram a saúde mental, “vivendo num mundo de fantasia“.

No ano passado, a irmã de Hakamada, Hideko, que há muito lutava pela libertação, afirmou à CNN que as décadas de prisão tinham provocado danos irreversíveis na saúde mental do irmão. “Por vezes, sorri alegremente, mas é quando está a delirar. Nem sequer discutimos o julgamento com Iwao, devido à sua incapacidade de reconhecer a realidade”, confessou Hideko.

O juiz concordou com os argumentos e o governo japonês está agora encarregue do pagamento da indemnização — o maior valor já concedido por erros numa condenação no Japão.

VC/Paula Francisco | fonte: Observador

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