
- By Portal Visão Cultural
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- setembro 1, 2025
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A primeira fase da Refinaria de Cabinda, a ser inaugurada hoje, pelo Presidente João Lourenço, assinala um marco histórico para a indústria petrolífera e a segurança energética do país.
A inauguração da infra-estrutura petrolífera acontece no quadro da visita de trabalho que o Titular do Poder Executivo realiza hoje e amanhã à província de Cabinda.
Informações avançadas pelo secretário do Presidente da República para os Assuntos de Comunicação Institucional e Imprensa, Luís Fernando, dão conta que este feito histórico coloca Cabinda como a primeira região, além de Luanda, a refinar petróleo bruto e a possuir uma indústria deste porte.
Depois da inauguração da Refinaria, João Lourenço prossegue com uma visita às obras do Terminal de Águas Profundas do Caio para tomar pulso do seu andamento.
Segundo o programa, está igualmente prevista para amanhã a inauguração da sede do Governo Provincial, e a seguir realiza-se uma reunião com o Governo Local, onde será feita uma avaliação exaustiva sobre o estado do território nos mais variados domínios, essencialmente o nível de execução das obras públicas, escolas, estradas e infra-estruturas sanitárias.
Excedentes para a exportação de refinados
A entrada em funcionamento da primeira fase da Refinaria de Petróleo de Cabinda, a partir de hoje, vai assegurar o abastecimento interno, reduzir a dependência de importações e criar excedentes para a exportação, segundo a Sonangol.
Em nota, divulgada ontem, a petrolífera estatal angolana considera a nova unidade industrial factor determinante para a criação de mais empregos aos jovens, capacitação e inovação.
A título de exemplo, até ao momento, já foram criados três mil e 300 postos de trabalho directos, e formados 700 quadros nacionais, com o compromisso de atingir cinco mil técnicos qualificados ao longo dos próximos meses.
Aponta, igualmente, a Refinaria de Cabinda como um empreendimento que se tornará num dos pilares estratégicos da indústria petrolífera nacional e um símbolo de confiança no futuro de Angola.
Acrescenta que a nova infra-estrutura foi desenhada com tecnologias de ponta, reforçando o compromisso da Sonangol com a sustentabilidade, segurança e as melhores práticas internacionais.
Esse será um passo decisivo para a soberania energética de Angola, consolidando o protagonismo da Sonangol como motor de desenvolvimento económico e social, em linha com a visão do Executivo para o futuro do país.
Com uma capacidade total de processar 60 mil barris de petróleo por dia, a unidade fabril entra em funcionamento com 30 mil barris diários, na primeira fase.
Nessa fase, que vai produzir gasóleo, combustível de aviação, fuel óleo pesado e nafta, o investimento global ascende 473 milhões de dólares, dos quais 335 milhões resultaram de financiamento internacional, evidenciando a credibilidade do país junto de parceiros globais.
Produção comercial projectada em 30 mil barris
A inauguração da Refinaria de Cabinda marca a conclusão da construção da primeira fase desta unidade fabril e o arranque do processo de comissionamento, que antecede a produção comercial projectada, inicialmente, para o processamento de 30 mil barris por dia.
Com a entrada em operação da refinaria, a produção e venda de combustíveis, como gasóleo, querosene (petróleo) de aviação (Jet A1), fuel óleo pesado e nafta, terá início dentro de aproximadamente três meses, segundo uma nota de imprensa a que a Angop teve ontem acesso.
De acordo com o documento, citado pela Angop, os 30 mil barris por dia que a refinaria vai processar, na primeira fase, representam uma fatia relevante, contribuindo para reduzir, significativamente, a importação de produtos refinados.
Até estar em plena operação, serão realizados testes de processamento durante cerca de três meses, até atingir os padrões exigidos de qualidade para comercialização.
A primeira fase da refinaria foi orçada em 473 milhões de dólares, sendo 38 milhões disponibilizados por parceiros e 335 milhões em financiamento sindicado.
Com uma capacidade para processar 60 mil barris por dia, em fases sucessivas, a produção de gasolina está prevista para uma fase posterior do projecto, processo que está em preparação.
De acordo com a nota, citada pela Angop, a redução das importações vai ser registada logo após o início da produção comercial, com im- pacto progressivo à medida que a refinaria atingir plena capacidade, permitindo que o Estado tenha menor dependência de importações e redução da factura cambial e maior segurança energética.
A prioridade é garantir o abastecimento interno, sendo os eventuais excedentes exportados, gerando receitas adicionais para o país.
A primeira fase contou com o apoio financeiro de um consórcio internacional de bancos, incluindo AFC, Afreximbank, BADEA, IDC e BFA. Também se espera que estes e outros parceiros mantenham o apoio na fase seguinte.
Durante a construção foram criados mais de três mil e 300 empregos, ocupados em grande parte por jovens angolanos.
Na componente formação de trabalhadores, foram realizadas 14 milhões de horas e estão em curso programas de capacitação, como o Projecto Kuma, que prevê formar mais de cinco mil jovens em 12 meses.
Além da criação de em- pregos e formação, as comunidades locais também foram apoiados com projectos de educação, saúde e programas comunitários na província de Cabinda.
Por outro lado, justifica-se a entrada em funcionamento tardia pelo facto de ser um projecto de grande complexidade que atravessou a pandemia da Covid-19 e enfrentou graves perturbações nas cadeias globais de fornecimento. Apesar disso, a Fase I foi concluída com sucesso.
Quanto à Fase II, já começou a ser realizada, na qual estão a ser investidos mais de seis milhões de dólares em engenharia básica e licenciamento de tecnologia, passos necessários antes do lançamento do concurso de construção.
A Refinaria de Cabinda resulta de uma parceria pú- blico-privada entre a Sonangol (empresa pública) e a Gemcorp (investidor privado).
Enquanto isso, a governança é partilhada entre a Sonangol e a Gemcorp, sob supervisão do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás.
Autoridades garantem conformidade
O secretário provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitários do Governo Provincial de Cabinda, Lourenço Domingos Bilolo, assegurou ontem que todas as medidas ambientais foram devidamente acauteladas no âmbito da construção da nova Refinaria, que será hoje inaugurada.Segundo o responsável, que falava à Angop e à TV Zimbo, o empreendimento obedeceu a estudos ambientais realizados por uma empresa especializada, validados pelo Ministério do Ambiente, incluindo consultas públicas à população local e visitas técnicas de monitorização.
“O estudo ambiental não se limitou apenas ao perímetro da Refinaria. Foi definido um coeficiente de segurança que abrange também áreas adjacentes, garantindo que não haverá impactos negativos para as comunidades vizinhas”, sublinhou.
Lourenço Bilolo destacou ainda que a captação e encaminhamento de águas, a gestão de resíduos sólidos e a preservação ambiental foram estruturadas de acordo com padrões internacionais.
“Existe já um mapa próprio para a recolha e tratamento de resíduos. O lixo é seleccionado, recolhido e depositado em locais adequados, sem riscos para a população”, assegurou.
De acordo com o secretário, a preocupação ambiental esteve sempre presente durante a execução do projecto, incluindo iniciativas de reflorestação no local.
Impacto na criaçãode emprego e formação
O secretário provincial da Juventude e Desportos de Cabinda, Leão Miranda, referiu que a inauguração da Refinaria, prevista para hoje, simboliza esperança para a região e principalmente para milhares de jovens.
Acrescentou que o empreendimento vai proporcionar cerca de 3.300 empregos a jovens locais, ao mesmo tempo que integra uma forte componente de formação e valorização do capital humano.
“É a primeira refinaria erguida em Angola após a independência, um motivo de orgulho para Cabinda e para a juventude, que vê aqui não apenas oportunidades de trabalho, mas também de capacitação profissional”, afirmou.
Leão Miranda sublinhou ainda que o projecto, denominado KUMA, recentemente lançado no quadro da refinaria, prevê formar perto de seis mil jovens, abrangendo não só os que estão directamente ligados ao complexo, mas também para aqueles que procuram qualificação em diversas áreas.
JORNAL DE ANGOLA E ANGOP