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O Presidente turco, Recep Erdogan, cuja diplomacia é muito activa em África, propôs a sua mediação no conflito entre o Ruanda e a República Democrática do Congo, numa altura em que as milícias M23 que a ONU e Kinshasa acusam de ser apoiadas pelo Ruanda, confirmam a sua progressão rumo a Goma, capital do Norte-Kivu, no leste da RDC.

“A Turquia está disposta a dar toda a ajuda necessária para resolver a crise entre o Ruanda e a República Democrática do Congo”, garantiu o chefe de Estado turco ao receber seu homólogo ruandês nesta quinta-feira à noite em Ancara.

Muito activa no plano diplomático e económico em África, a Turquia interveio recentemente com sucesso na disputa entre a Etiópia e a Somália, dois vizinhos do Corno de África, sendo que a mediação de Luanda que culminou com um acordo de cessar-fogo assinado em Julho do ano passado, caiu quase imediatamente por terra, as partes tendo inclusivamente cancelado um encontro ao mais alto nível em meados do mês passado.

O grupo armado M23, que segundo peritos da ONU, não só recebe apoio logístico mas tem igualmente a ajuda activa de 3 mil a 4 mil militares ruandeses, tem vindo desde 2021 a conquistar cada vez mais porções de território no leste da RDC, nomeadamente as localidades de Saké e de Minova nestes últimos dias, ao ponto de neste momento está praticamente a cercar Goma, a capital regional.

Desde o começo do ano, o conflito provocou 400 mil deslocados suplementares, fazendo ascender a 5 milhões o seu número total, segundo um último balanço ontem da ONU que alertou para o risco acrescido de uma “guerra regional”.

De acordo com o ACNUR (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados) que se encontra no terreno, “as violações dos Direitos Humanos, incluindo saques, assassinatos, sequestros e prisões arbitrárias de pessoas deslocadas consideradas rebeldes, aumentaram” e “os hospitais estão quase cheios de civis feridos. Mulheres, crianças e idosos vulneráveis vivem em lugares superlotados e em condições precárias, com acesso limitado a alimentos, água e serviços essenciais”.

Em comunicado nesta quinta-feira, o secretário-geral das Nações unidas declarou-se “alarmado” com esta situação. Ao “condenar com a maior firmeza” a nova ofensiva lançada pelo M23, António Guterres teceu um alerta sobre “os efeitos devastadores do conflito sobre as populações civis” e fez um apelo para que o movimento rebelde “cesse imediatamente a sua ofensiva, se retire de todas as zonas ocupadas e respeite o acordo de cessar-fogo de 31 de julho de 2024”, alcançado sob a égide de Luanda.

VC/Anderson Mangovo | Fonte: RFI

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