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O presidente dos EUA ameaçou repetidamente retirar as forças norte-americanas da Europa como parte da sua política “America First”.
Isso teria enormes consequências estratégicas e, provavelmente, deparar-se-ia com uma resistência interna considerável.
A história pode repetir-se, mas nem sempre com o mesmo impacto.

Em 2012, quando o então secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, anunciou a retirada de duas brigadas de combate – cerca de 8.000 soldados
da Europa para reduzir as despesas militares, os governos da Europa Ocidental ignoraram o facto.

Quando, este ano, o presidente dos EUA, Donald Trump, ponderou a possibilidade de retirar as forças norte-americanas da Europa, o facto provocou ondas de choque mal disfarçadas nas chancelarias europeias.

A diferença: na altura, Panetta afirmou que os compromissos de segurança dos Estados Unidos para com a Europa e a NATO eram “inabaláveis E depois há os esforços de Trump para mediar a guerra na Ucrânia. “Trump considerou que a retirada das tropas americanas estava ligada às suas fortes esperanças de um fim da guerra e de uma melhoria das relações com Moscovo. No entanto, verificou-se que não existe qualquer base para tal, qualquer possibilidade, uma vez que as posições negociais da Rússia e da Ucrânia estão demasiado afastadas”, afirmou Courtney. Se as tropas americanas fossem retiradas, a Europa teria de substituir toda a infraestrutura militar atualmente fornecida pelos EUA a todos os níveis, de acordo com um estudo do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), com sede em Londres. Isto é, bases áreas de treino, armamento e munições, arquitetura administrativa e organizacional, serviços de informação e muito mais.

O preço é elevado: os nove autores do estudo do IISS estimam que a substituição da contribuição dos Estados Unidos para a NATO por meios europeus ascenderia a cerca de um bilião de dólares (870 mil milhões de euros). Não é claro qual seria o custo de uma retirada das tropas americanas para o contribuinte americano. Nenhum dos peritos citados neste artigo se mostrou disposto a avançar um número. Essa é uma das razões pelas quais nenhum deles considerou essa decisão como muito provável.

“Nem pensar”, disse Daniel Runde à Euronews, conselheiro sénior da empresa de consultoria BGR Group, sediada em Washington, e autor de The American Imperative: Reclaiming Global Leadership through Soft Power. “Trump não o vai fazer de forma alguma. O seu objetivo é conseguir que os europeus gastem 5% do seu PIB em defesa. Depois, seguirá em frente”

VC/Miguel Fua

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